Loading

terça-feira, maio 29

Semana Lollipop #2

E ai, Galera


Antes de tudo, desculpe a demora, tivemos um rápido brake comercial de uma semana, mas já estamos de volta. 


O que um livro de Erico Veríssimo tem haver com uma garota lidando com um apocalipse zumbi? Zumbis, isso mesmo, gente morta voltando a vida e atrapalhando a vida dos vivos.


Bem quando eu estava terminando de ler esse livro que eu fui fazer o post de Lollipop Chainsaw que eu decidi falar também do livro, mas antes de jogarem pedras em mim, existe um grande diferença entre esses dois tipos de zumbis, um são aqueles "descerebrados" filhos de uma metáfora antiga que queria denunciar uma sociedade capitalista que recebe tudo passivamente, os outros são mais conscientes e menos famintos, sem dúvida mais polêmicos.


Em poucas palavras o livro se divide em duas partes, a primeira faz um apanhado da história de Antares, de sua fundação - que antes era chamada Povinho da Caveira - até meados do governo de Juscelino Kubitschek, contando particularidades do povo antarense e do Brasil; a segunda começa a contar sobre o incidente ocorrido, coincidentemente, em uma sexta feira 13, logo após uma greve geral que atingiu até os cemitérios da cidade, sem serem enterrados os cadáveres saem do seu caixão e vão protestar para conseguir seu descanso eterno.
Um bêbado, uma prostituta, um rebelde, um sapateiro, uma idosa ex-matrona de uma importante família, um advogado e um pianista largado no ostracismo. Esses são os zumbis de Erico Veríssimo, que em um coreto no meio da cidade liberam as suas podridões e as do povo de Antares, incontáveis casos de adultério, uso descarado de poder, coronelismo, descaso médico e torturas.

Com aquela comédia de riso inteligente e recheado de frases que podem virar citações bacaninhas para redações, o autor consegue fazer uma história passada parecer presente, ou talvez sejamos nós que repetimos a história do passado, só aqui na ilha eu já vi muita coisa que eu li no livro.

 Numa destas últimas madrugadas abriram fogo contra um estudante que, com broxa e piche, tinha começado a pintar um palavrão num muro da Rua Voluntários da Pátria. Na calçada(...) ficou uma larga mancha de sangue enegrecido, na qual a imaginação popular – talvez sugestionada por elementos da esquerda – julgou ver a configuração do Brasil. (É assim que nascem os mitos.)
Cedo, na manhã seguinte, empregados da prefeitura vieram limpar a calçada dessa feia mácula,(...) aos poucos se foi formando diante deles um grupo de curiosos.
Aconteceu passar por ali nessa hora um modesto funcionário público que levava para a escola, pela mão, o seu filho de sete anos. O menino parou, olhou para o muro e perguntou :está escrito ali, pai?
(...)
O pequeno, entretanto, para mostrar aos circunstantes que já sabia ler, olhou para a palavra de piche e começou a soletrá-la em voz muito alta: “Li-ber. ..”.
– Cala a boca, bobalhão! – exclamou o pai, quase em pânico. E, puxando com força a mão do filho, levou-o, quase de arrasto, rua abaixo.

o.<

Um comentário: